COLUNA AR-15: Violência Histórica


*Considerando o atual conflito palestino-judaico, vale a pena reeditar esse artigo que publiquei em 26/09/2012. Atualíssimo. Vejamos:

Está na Bíblia no livro de Gênesis. Abraão tinha 02 filhos, Isaac e Ismael. Sara sua esposa legítima, já idosa, achando que não conceberia mais, deu-lhe Agar, sua serva, para dormir com Abraão e dar-lhe o filho que ele tanto queria. E dessa relação nasceu Ismael. Só que os planos de Deus são inacessíveis ao conhecimento humano e Ele tinha planos para uma descendência de Abraão com Sara e logo em seguida ao nascimento de Ismael, Sara mesmo idosa engravidou e deu a luz a Isaac. Após o nascimento de Isaac, Abraão dispensa Agar, sua ex-serva, mãe de Ismael, e os manda embora; mas Deus ouvindo o pranto de Agar promete ao menino socorro e uma descendência numerosa. Da descendência de Ismael vem todo o povo árabe, inclusive os palestinos. E da descendência de Isaac é oriunda o povo judeu (ou hebreu). O tronco é o mesmo: Abraão – a quem Deus escolheu para ser pai de multidões, inclusive desses dois povos que se digladiam desde milhares de anos antes de Cristo. 

Dos árabes temos a religião islâmica ou muçulmana, a religião com maior número de adeptos no mundo, do livro sagrado Alcorão, do profeta Maomé, do deus Alá. Já do povo judeu, de Davi, Moisés, etnia de Jesus Cristo, temos a religião judaica, do livro sagrado Torá (correspondente apenas aos 05 primeiros livros do Velho Testamento da Bíblia cristã - Pentateuco), que não acredita em Cristo como filho de Deus e o Messias prometido, por isso seu livro sagrado não contempla o Novo Testamento bíblico, e acredita que o Messias ainda está por vir. 

Inicio com essa introdução toda para falar dessa violência atual que volta as atenções do mundo para uma estreita faixa de terra no Oriente Médio chamada Faixa de Gaza, que tem de população 1,7 milhão de habitantes e apenas 41 km de comprimento e de 06 a 12 km de largura, apenas. Local em que Israel, hoje estado, de poder bélico enormemente superior aos dos palestinos que lá habitam, bombardeia covarde e incessantemente a população civil e militar, ameaçando dizimar o povo daquela pequena área. 

Durante mais de 2000 anos o povo hebreu viveu disperso pelo mundo, sem terra, sem nação, apenas mantendo sua identidade cultural e religiosa, até que conquistou sua independência e o mundo através da ONU reconheceu em 1948 o Estado de Israel. De lá para cá, Israel com a ajuda das grandes nações mundiais se fortaleceu econômica e belicamente, principalmente por se contrapor ao povo árabe, economicamente poderoso pelos seus territórios ricos em petróleo, aversos por sua religião dogmática à cultura ocidental e aos países que mormente a representam, como Estados Unidos, França, Alemanha etc. 

Analisando a história de Israel, constatamos que os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó estabeleceram o que eles chamaram de “Terra de Israel”. Em seguida a fome faz o povo judeu migrar para o Egito e lá é escravizado por centenas de anos. Moisés no século XIII a.C. lidera o êxodo do povo hebreu de volta a terra de Israel ou “Terra Prometida” e vaga pelo deserto por 40 anos. Após isso, no século XII a.C., instala-se o reino de Israel com o primeiro rei Saul, depois Davi (que unificou Israel) e em seguida Salomão. Daí em diante a história é mais longa ainda e Israel se desintegra e passa por domínios de Alexandre Magno, Romano (na época de Jesus esse era o domínio vigente), Otomano, Bizantino, Cruzados e por último por domínio britânico. Até que em 1947 a ONU propõe a criação de um estado árabe e um estado judeu. E em 14 de maio de 1948 finalmente criou-se o Estado de Israel. 

David Ben Gurion, Golda Meir, Yitzack Rabin, Shimom Peres, entre outros, foram valentes judeus que labutaram pela independência de seu povo e pela paz no Oriente Médio. Rabin, Peres e Arafat chegaram até a ser agraciados com o Nobel da Paz em 1994. Legítima luta a deles. 

Mas não podemos negar que Israel se faz de vítima de sua história de povo perseguido e exilado, somente recentemente instalado em seu território de origem, para vingar seu ódio contra seus irmãos árabes, apoiados que estão, e sabem muito bem disso, econômica e belicamente pelos poderosos do mundo, matando crianças e idosos árabes com seus mísseis de tecnologia de ponta e mira milimétrica. Sessenta milhões de dólares Israel já gastou só com mísseis nesses últimos dias bombardeando os palestinos em Gaza. O que está acontecendo na Faixa de Gaza é uma chacina, um genocídio, uma carnificina, que Israel devia se envergonhar de proporcionar até por lembrar-se de sua própria história quando foi vítima da mesma covardia cruel no holocausto ao seu povo imposto pelos nazistas na segunda guerra mundial. De toda sua história, se vitimiza para o mundo até hoje. Mas em momentos históricos como agora age como algoz impiedoso... Por todo sofrimento que o povo hebreu passou ao longo de sua existência, a lógica era de ser um povo acolhedor e tolerante e não beligerante. É... sem antissemitismo nenhum, mas com eles foi perseguição, genocídio, holocausto... no dos árabes palestinos é refresco... covardia das grandes... Assim não vale, povo eleito de Deus.
 

Allan Roberto Costa Silva, médico, ex-Vereador-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras, membro da Academia Pedreirense de Letras-APL e da Associação dos Poetas e Escritores de Pedreiras – APOESP.


1 comentários:

  1. Concordo com essa argumentação. Israel é cruel demais. Covarde até.

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.