PÁLIDA LEMBRANÇA



PÁLIDA LEMBRANÇA

Por que os anos se foram tão depressa?
Por que o tempo seguiu e não parou?
Por que segui, também com tanta pressa?
E não fiquei com tudo que ficou?

Como a tocha voraz que se arremessa
Sobre a relva que um dia o sol secou,
Foi desdita cruel sobre a promessa
Que meu peito infeliz acalentou.

Nosso idílio belo como a lua
A espalhar-se num lago de água mansa,
Unia minha alma a alma tua.

E hoje, já desfeita a esperança
Em meu peito apenas se insinua
Uma eterna e pálida lembrança.



É retórica a “Pálida Lembrança”

Ana Néres Pessoa Lima Góis


“Ainda que pregue que não há consolo satisfatório, talvez satisfaça-nos em parte o que possa brotar com o tempo sendo o maior conciliador...”

João de Sá Barrêto
Como costuma dizer Samuel Barrêto citando Jessier Quirino: “A morte é um louco roçando mato”. Então, em sua euforia sem razão, esta colheu a presença material de seu João Barrêto dentre nós sem nos deixar satisfação... Mas felizmente esse “louco de foice na mão”, não pôde fazer o mesmo com seu lirismo que fincou raízes e floriu no solo ludicamente pedregoso de Pedreiras, chegando até aos seus arredores, de onde eu pude contemplar seu poema maior em que descobri ser apenas retórica a “Pálida Lembrança”, que na verdade como em toda sua obra, que conheci como leitora e agora conheço como pesquisadora, está recheada das lembranças mais nítidas e transcrevíveis das impressões e vivencias do poeta.

Palavreando Ferreira Gullar em “Meu povo e meu poema crescem juntos”, João de Sá, pelo teor que nos remete o “Barreto”, ainda em vida já tinha doado-se ao barro fértil de pedreiras, onde mesmo as pedras grandes e pequenas, a ainda as atiradas, não o impediram se lavrar-se juntamente com seu povo, e ainda juntamente a ele se dar ao crescimento rumo ao comprometimento pelo bem de sua terra, e também o digo baseado em sua obra, que este juntamente a ele, povo, se fez árvore, e em se fazendo árvore, se fez sombra para que continuassem crescendo, pois as ervas daninhas da politicagem às vistas de João, eram ainda a pior praga de sua terra e de seu Rio.

Infelizmente foi pouco o espaço de tempo que me separou do conhecimento da obra e do artista, porém, são tão nítidas as impressões deixadas por sua pena, que chego a sentir o timbre da voz nos esmerados acordes poéticos recitados por Seu João. Creio que seu nome será lembrado como uma das maiores vozes poéticas de Pedreiras. Com certeza serão comemorados ainda incontáveis anos, não de morte, mas da imortalidade da fala do vate de voz que canta e cantará eternamente o lirismo da nostalgia, da vida e do amor, principalmente do amor que o faz denunciar com tom de protesto e crítica sobre os males, que à sua vista se abatem sobre sua terra, em que agora além de poeticamente, literalmente está plantado e suas raízes poéticas florescerão e darão frutos eternamente!

Hoje, 18 de dezembro, data que se comemoraria o aniversário do poeta João Barrêto, fazemos esta publicação para homenageá-lo, pois os poetas e escritores são seres imortais. 

5 comentários:

  1. já estava passando de tempo de fazer uma homenagem dessa natureza

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  2. já estava passando de tempo de fazer uma homenagem dessa natureza

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  3. Já estava passando da hora de fazer um elogio dessa natureza. Falar de João Barreto, é falar da cultura pedreirense, da música poesia etc.João Barreto tinha como profissão, à contabilidade.E também fazia parte do grupo boêmio principalmente da década de 1970 no qual eu também fiz parte. É com muita saudade e respeito que tomo a liberdade para citar nomes de alguns que lembro-me isso em forma de homenagem. João Barreto, Benedito Gabriel, expedito sogro de Dr.Pedro Barroso,Betim Brandão, milfom,Cebim.paulo da Revista, Kleber Lago,Rômulo Lago, Zá Gírio,Domingo Boinho, Jessé,Antonio da Viuva, Zequinha de Apolinário, Ribamar Corinto,Mocó, e outros tantos. João Barreto tacando violão e interpretando os cantares da velha guarda, como Orlando Silva, Chico viola, Carlos Galhardo, Augusto Calheiros e tantos outros. Tenho satisfação de ter feito parte dessa turma boa, e passo em nome do pai eterno que conduza a seu lado no reino da gloria todas as almas dos que já fizeram a sua passagem.

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  4. Aí dentro Joaquim Filho.

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  5. Já repeti umas três vezes um comentário e não aparece, porque será?

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.